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Caricatura Vinicius de Moraes


Meu mestre André Brown, que me ensinou boa parte de tudo que aprendi sobre desenho e ilustração, me passou uma demanda incrível, criar uma caricatura para uma exposição, de um dos maiores poetas da história do Brasil, Vinícius de Moraes.

Ele não foi apenas um escritor, não foi apenas um compositor, não foi apenas um poeta, ele foi tudo isso e ainda mais, também conhecido como poetinha (apelidado pelo seu amigo Tom) era um grande conquistador, prova disso foi que ele se casou nove vezes, mas o seu maior companheiro foi o cigarro, aquele que inspirou algumas vezes o saudoso Vinícius.

Velhice

Rio de Janeiro Virá o dia em que eu hei de ser um velho experiente Olhando as coisas através de uma filosofia sensata E lendo os clássicos com a afeição que a minha mocidade não permite. Nesse dia Deus talvez tenha entrado definitivamente em meu espírito Ou talvez tenha saído definitivamente dele. Então todos os meus atos serão encaminhados no sentido do túmuIo E todas as idéias autobiográficas da mocidade terão desaparecido: Ficará talvez somente a idéia do testamento bem escrito. Serei um velho, não terei mocidade, nem sexo, nem vida Só terei uma experiência extraordinária. Fecharei minha alma a todos e a tudo Passará por mim muito longe o ruído da vida e do mundo Só o ruído do coração doente me avisará de uns restos de vida em mim. Nem o cigarro da mocidade restará. Será um cigarro forte que satisfará os pulmões viciados E que dará a tudo um ar saturado de velhice. Não escreverei mais a lápis E só usarei pergaminhos compridos. Terei um casaco de alpaca que me fechará os olhos. Serei um corpo sem mocidade, inútil, vazio Cheio de irritação para com a vida Cheio de irritação para comigo mesmo.

O eterno velho que nada é, nada vale, nada teve O velho cujo único valor é ser o cadáver de uma mocidade criadora.

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